terça-feira, 5 de setembro de 2017

CRÔNICA - QUADRO BRANCO - THIAGO LUCARINI

Um dia este corpo não será e neste não sendo virará vazio e cada palavra até ali nele depositada não terá mais significado algum, pois igualmente beberão do vazio do corpo ido. Desta forma, depositar palavras na conta do eu é investimento apenas para a vida, uma vez que a morte desonera a moeda semântica. Qualquer simbolismo se vai ao cerrar dos olhos, pois todo morto é desprovido até mesmo do nome, pois se a lápide bondosamente não segurar “aqui jaz, fulano” este escorrerá para um além feito de nada e o morto abandonado por suas letras floreadas será um algo sem qualquer ligação de signo.

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