sábado, 13 de março de 2021

MINICONTO: BOCA DE VERMES

 

Eu ignorei o bafo de carniça, afinal, quem está na chuva é para se molhar. Sua língua entrou na minha boca como se fosse uma enguia gosmenta, havia um estranho gosto residual, ácido e podre feito lavagem de porco. De repente, senti algo dentro da minha boca, além da língua alheia, era como ter grãos de arroz inchados, escorregadios e peludos por toda parte. Enjoado, desfiz o beijo e cuspi na minha própria mão, e ali, em meio a saliva, um punhado de vermes se contorciam. Da outra boca, vermes caíam aos montes. Vomitei.

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