Sempre que me coloco diante
do espelho vejo aquele monstro de feições desproporcionais sem qualquer
semelhança com uma imagem real. O maldito tem aspecto apodrecido e sujo, cheio
de feridas espalhadas pelo corpo ressequido. Eu não conseguia me pentear, me
barbear direito, escovar os dentes em paz, tirar uma simples foto. A criatura
horrorosa não me dá trégua nunca. Sinto nojo e asco dela. Eu tenho saudades de
me ver, ver o eu e não a substituição, mas todo reflexo é morada dele. Jamais
me vejo. O abominável nunca me machucou nem se insinuou, no entanto, me privou
de mim, do amor e, por isso, eu o odeio.
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