De frente a janela do meu
quarto havia uma árvore, uma velha mangueira. Suas folhas ciciavam o tempo todo
me atormentando. Eu a detestava e o sentimento era mútuo. Durante as chuvas, a
árvore sempre quebrava partes do telhado, em noites de ventania, seus galhos
raspavam o vidro da janela, espantando meu sono. Naquela noite o ciciar
infernal me despertou outra vez, encarei a maldita, e pela primeira vez, eu vi
olhos não naturais me encararem de volta. Furioso, fui à garagem, peguei um
machado e comecei a cortar o seu tronco. Já amanhecendo, a árvore tombou,
caindo sobre minhas pernas, decepando-as. Seiva e sangue, carne e madeira se
misturavam na alva, ambos morrendo.
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