Thiago era um desses
escritores fracassados antes mesmo de começar, mas que realmente fazia das
palavras seu mundo. Por meio de suas histórias ridículas brincava de matar seus
amigos e amores passados. Thiago tinha uma mente cheia de pensamentos
intrusivos, dos quais, aproveitava-se nas suas criações. Porém, tudo mudou no
dia das bruxas daquele ano. As palavras que tanto amou, passou a odiar.
Amaldiçoado pelo Verbo, agora, qualquer ideia torta que tivesse tornava-se
realidade. Descobriu isso do pior jeito. Dentro de um ônibus, voltando para
casa, enquanto uma criança chorava afoita, pensou: “Bem que podia morrer.” O
bebê parou de chorar e a mãe gritou, desesperada. Thiago teve provas, o
suficiente, após, para descartar as chances de ser coincidência. Antes o que
era glória virou um inferno. Thiago tinha que controlar seus pensamentos o
tempo todo, de forma deliberada. Trancou-se em casa, a solidão era salvação,
uma vez que sem matar outros, seus pensamentos venenosos o apodreciam,
literalmente.
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