Rosy MARA era uma drag
queen famosa. Na boate lotada, a música dela tocou. Lacradora, de cara, abriu um espacate. Seus
fãs vibraram eufóricos. Estar no palco era sua vida, sua arte, fora dele os
dias eram mais cinzas, mas não infelizes. Já no camarim, a drag despiu-se do
sacrifício e do glamour. Saiu pela porta dos fundos. Rosy estava com fome e
numa noite em que preferia evitar a multidão. Desmontada, Rosymar ainda era bem
feminino. Passiva, andava pelas ruas escuras de salto alto e com uma bolsa
cheia de acué. Não tardou a ouvir:
“Aonde vai, boneca?” Rosy apertou o passo, no entanto, três ocós a seguiram e
encurralaram. “Pra que tanta pressa?” Tomaram-lhe e bolsa e um deles socou-a na
boca. Sangue. “Do que está rindo, aberração.” Rosy gargalhava, pois sentiu a velha
energia fluindo pelo seu corpo, transformando-a num poderoso lobisomem em nada
delicado. Rosy amava fazer uma revelação. Era noite de caça e nada era mais
apetitoso do que um bando de babacas com masculinidade frágil para o jantar.
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