A pequena aranha peluda em
sua teia permanecia há dias no canto do teto. Gleice Kelly deitada na cama para
a sesta encarava o aracnídeo. Tinha medo, porém faltava coragem para retirá-la
dali. Quando acordou, percebeu que a aranha não estava mais no seu lugar
habitual. Talvez, enfim, tivesse ido embora, procurar. Gleice Kelly sentiu uma
coceira no ouvido direito, foi ao banheiro e pegou um cotonete, ao posicioná-lo
na orelha, viu patinhas saírem de dentro do seu ouvido. Ficou branca. Um
calafrio desceu por sua espinha. Tinha lido relatos de besouros, moscas e
baratas entrarem naquele orifício, mas aranha, não. Com as mãos trêmulas pegou
uma pinça. Puxaria a aranha nem que fosse aos pedaços, podia senti-la
deslizando pelo seu canal auditivo, raspando, arranhando. Gleice Kelly sem
pestanejar empurrou a pinça, mas paralisou antes de concretizar o ato, pois
dentro de sua cabeça a aranha sussurrou: “Não ouse!”
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