sexta-feira, 20 de março de 2015

ARTIGO - ASCENSÃO BABILÔNICA DA IGNORÂNCIA - THIAGO LUCARINI


Creio que de fato nunca existam inocentes. Como se indignam com a imoralidade múltipla e inumerosa, enquanto chafurdam-se na lama (pais omissos, religiões às avessas, racionalidade zero) é tão fácil culpar, apontar o dedo e esconder o próprio rabo no rabo. Fique claro: que isso não é uma defensa ou posicionamento favorável, apenas um pensamento, descartável e inútil, afinal, só vejo culpados, incluindo eu.
Somos filhos de um país de terceirização da culpa, não se pode ver a novela, o filme, o desenho animado, não se deve sair à noite, não falte ao culto, não isso, não aquilo, para onde irá a nossa boa educação? Pra começo de conversa se houvesse mesmo existido uma boa educação não haveria tal preocupação. Mas jogam a responsabilidade de educar na escola, das agruras da vida em Deus, da ignorância em ambos, ausentando os únicos responsáveis de legitimidade. Desta forma, alimenta-se o ódio, o medo, a hipocrisia, pois desde o início não seguramos as rédeas que nos é devida, erramos ao julgarmo-nos senhores absolutos da razão, resta-nos a saída estratégica pela tangente CULPAR: emissoras, o cinema, a novela, o teatro, partidos, o vizinho, Deus, o diabo, o outro, e somente o outro. A arena foi montada, seu assento reservado, começa a ascensão babilônica da ignorância compactuada e aplaudida na crueza de coração. O espinho da carne humana.


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