sexta-feira, 30 de novembro de 2018

POESIA - NOVA ASSINATURA - THIAGO LUCARINI

Esquecer é tornar desconhecido
Aquilo que um dia foi brilho.
É dar ferrugem, mau funcionamento 
Apagar o canto e deixar 
Silêncio.
É fazer do fogo, cinzas
De toda construção, ruínas.
É ver dissipar toda chuva prematura
E ser tempo limpo, nova assinatura. 

sábado, 24 de novembro de 2018

POESIA - OLHAR É PINTURA - THIAGO LUCARINI

Gostaria de dizer "eu te amo"
mais facilmente, sem repreensão,
mas declarar me é algo difícil,
prefiro agir no silêncio e solicitude.
queria ser mais livre mais leve
ter nestas gasosas palavras, o Céu,
porém minha língua é âncora, corrente,
restos de naufrágios, ilha formada.
Todavia se prestar bem atenção
verá que meu olhar é pintura.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

POESIA - AURORA DE DIZERES - THIAGO LUCARINI

Quando do nascer das palavras
Vingar às emoções do mundo 
Será em mim aurora de dizeres 
Significados vastos a irem 
Anunciar em espelhos esfumaçados
Verbo feito, moldado além  
Das minhas grades de linhas.

POESIA - NEWTON - THIAGO LUCARINI

Relativo ao meu sofrer
Orbitar é cair nunca seguir
Maior gravidade é não ter.
Proporcional ao tamanho dos corações que amam
(o meu inchado de ausência sem centro)
E inversamente ao quadrado da distância entre nós
(pois quem ama distorce o outro pra melhor)
Orbito no campo da vasta ilusão
Caindo sempre rumo a sua direção
(encontrando maior força de repulsão)
Meu amor é física experimental sem luz
(a consciência de um pecado sem liberdade só solidão)
Guiado por tempos viciosos em espaços restritos
Gerado por infinitos erros de uma vida sem ciência.

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

POESIA - DUNA - THIAGO LUCARINI

O esquecimento
Pertence ao tempo.
É areia a ser revolvida,
Mexida, mudada de posição
Até deixar de se duna altíssima 
Para ser poeira retilínea ao chão.
É perder a coroa de brilho dos olhos
Pelas mãos pacientes da eternidade
E desaparecer debaixo da sombra dos pés.

terça-feira, 6 de novembro de 2018

POESIA - AMOR MORTO - THIAGO LUCARINI

e de repente 
a face amada
é faca cravada
no meio do coração.
amarga visão
de um outro
deposto, amor morto,
em decomposição.

POESIA - SUSSURROS DAS ESTRELAS - THIAGO LUCARINI

ouço meu nome vindo das estrelas
como sussurros feitos de velhos brilhos,
glórias a muito passadas pelo vale da escuridão.
vaga minha inocência na noite
barca à deriva em águas turbulentas
sou um tolo inexperiente na pressão 
alegórica do manto que se expande.
sussurram sem boca as estrelas alimentando 
minha loucura de brilho e mistério só coração
sem jurarem sobre qualquer amanhece.