segunda-feira, 23 de março de 2020

POESIA - FILHO DESTA HORA - THIAGO LUCARINI


Já não posso ser o que fui
Nem me condenar por ontem,
Pois sou, hoje, reflexo de tudo
(cura e ferida)
Aquilo que passou sem ser passado.
A vida é daqui pra frente,
Certamente, existem lembranças
Boas, más, porém nenhuma definitiva
De quem eu me tornei.
Sou filho desta hora
(não me cabe repetição)
Dentro de um espectro de nuances
Que me compuseram até agora.

sábado, 14 de março de 2020

POESIA - VACILO DO MAR - THIAGO LUCARINI


Vacilo
Como toda pequenez
Diante do mar,
Pois meu medo...
Ah meu medo...
É ser infinito.

POESIA - MULHER - THIAGO LUCARINI


Toda mulher
É a medida certa
De si.
É palavra que dispensa
Outro sujeito
Para significá-la.

POESIA - MENTIRA - THIAGO LUCARINI


A mentira é a solidão da palavra
Pois nela nada habita
Uma vez que não sustenta paredes,
Qualquer base para alicerce.
Na mentira tudo é vazio é frio
Já que suas lacunas jamais podem
Ser preenchidas com algo além
De pura mentira, magia, engano.
E mentira por mentira nada se cria.

POESIA - RASCUNHO DE BARRO - THIAGO LUCARINI


Sou rascunho
Humano inacabado
Ainda trago no peito
Um coração de barro
Que vacila a cada respirar.
E neste modelar, cortar e refazer diário
A vida é borracha decisiva
Que me apaga e incita.
E quando eu pronto estiver
Não sei se ainda haverá
Borracha para usar.

POESIA - PRISÃO CASTANHA - THIAGO LUCARINI


Pensei que achei fuga nos teus olhos,
Alguma liberdade esperada,
Porém o engano pertence
A minha retina e pulsar,
Teus olhos são prisão castanha
Abusiva e sem ternura no olhar.
E assim, tive que fugir novamente,
Pois não existe acaso que nos obedeça,
Sorte que nos favoreça,
União que nos prevaleça,
Amor que nos aconteça.

sábado, 7 de março de 2020

POESIA - VELHOS CAMINHOS - THIAGO LUCARINI


Volto a lugares
Que só a memória abriga,
E revivo pela lembrança
Quando eu não era ferida.
E no intento de ontem
Refaço caminhos esquecidos
Carregando sorrisos idos,
Pois sei que o passado
É um corpo morto.

POESIA - SILÊNCIOS - THIAGO LUCARINI


Mil silêncios têm o peso
De um coração perdido
Que segue no peito a esmo
Sem qualquer amor conhecido.
Na dureza da palavra não falada
Existe uma surdez não nata no pulsar
Que arde nas veias pela ausência deixada
Não amar é silêncio a se enterrar no mar.
E quando tudo for uma obra abstrata
E não for possível a nada reconhecer
O pulsar do silêncio irá reacender
No solo do universo uma estrela vulgata
Com todas as linhas não escritas que gera
A era de um coração feito em eterno silêncio.

POESIA - CARNE CÓSMICA - THIAGO LUCARINI


Sou
Estéril como o sal sobre a terra,
Como o Sol que gera vida longínqua
Mesmo sem em si tê-la,
Sendo esse o fato
Que arde sua cósmica carne.
Estéril como toda palavra
Desprovida de sincero sentimento,
Mas que cria ilusões mesmo sem intenções.
Estéril como todo coração
Que se recusa a voltar ao amor
Sendo esse o fato
Que arde sua terrena carne.